domingo, 9 de maio de 2010

Solidão








Solidão

A solidão é animal astuto e faminto
Não importa se te cobres com um manto
Se estás sob os lençóis ou num convento
Ela te encontra em qualquer momento

Não importa se estás envolto pela multidão
Se estás só, bem ou mal acompanhado
Ela fará de ti meigo refém e servil escravo
Ignorando teu grito ou teu triste lamento

A solidão, fatalmente, vai te encontrar
Numa esquina insana e distraída
Num beco inconfundível e sem saída
Ou no cálice de uma festa divertida

Com seu faro de fera perspicaz
Ela se esconde em penumbra e sombra
E de nada adianta caminhar nas trevas
Se até na luz ela sempre te encontra

Sorrateira, ela te segue os passos
Ouve tua voz, teu grito ou teu sussurro
E te fareja de qualquer maneira
No eco surdo de teu peito escuro

Inútil fugir, lutar ou em vão debater-se
A solidão, impávida, vence a batalha
E impassível, ganha sempre todas as guerras
Transformando-se em teu véu e em tua mortalha



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