domingo, 6 de dezembro de 2009

Divagações



Não sou conta do rosário de teu lamento
Mas, fervorosamente,tu és a mais doce oração
Que meus lábios e coração oram diariamente
Ao deus do tempo e das esferas...


Não faço parte do colar de pérolas de tua vida
Mas, lindamente, tu és a melhor e mais linda jóia
Que minhas mãos garimparam nas minas,
Nos campos, abismos e cavernas da vida...


Não sou pedra da ladeira de teu calvário
Mas, magicamente, tu és o mais lindo caminho
Que minha boca e meus pés percorreram
Nas trilhas e estradas dessa minha existência...

Anjo caído sobre a terra fértil de teu corpo
Ente aflito e solitário sedento de tua alma
Animal insaciável e louco por tuas palavras
Assim sou!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Finalidade



- Uma palavra?

- Ambigüidade.


A vida é simples, muito simples, e complexa... Ser ou não ser... A vida é frágil, extremamente frágil, e ao mesmo tempo, de uma profunda e teimosa resistência... A morte comprova isso. Estamos aqui e no próximo segundo, pelo rompimento instantâneo de uma artéria, não estaremos mais; e no mais árido e rígido concreto, de uma movimentada avenida, nasce e cresce uma flor...
Sim e Não... Dia e Noite... Vida e Morte...
Ambiguidade!

O sorriso do Amor...



Às vezes o amor, inesperadamente, nos sorri
E nós, cegos e tolos, não lhe retribuimos o riso
E eis que, tal como chegou, ele parte em busca
De uma outra boca que, talvez, lhe beije a face
E de um outro corpo que lhe alimente a alma
Continuamos vivendo superficialmente satisfeitos
E não importa se foi por cegueira ou tolice,
Que tenhamos dado voz total e plena à nossa razão,
A verdade é que nada matará nossa ansiedade,
Nem alimentará a estranha fome de nossa alma,
Ou preeencherá o imenso vazio implantado
Pela falta do amor em nosso coração...

domingo, 8 de novembro de 2009

Sem você
O fio da vida
Não pinta
Nem borda,
Não tece,
Não fia,
Não cria,
Não faz nada!

ZuleideZhu



Não importa se sou barro,
Argila ou pedra-sabão,
Importa é ser matéria prima,
Para que moldes minha vida,
Com as tuas próprias mãos...

ZuleideZhu

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Se te vejo,
Amo-te!
E se não te vejo,
Também!
De qualquer jeito
Te amo
Que assim seja,
Amém!

ZuleideZhu
(Das Coisas Muito...)


 

Meu amor
É eterno,
É fruto
de vidas,
É fruto
de mortes,
Não é
Filho do acaso,
E nem
Cria da sorte...

ZuleideZhu

quarta-feira, 4 de novembro de 2009


Das asas que te levam ao céu,
Guarda para mim, algumas penas,
Pois elas podem me fazer sorrir
Quando eu descer ao inferno...
Zhu

Um dia saberás
O que hoje agora sei...
Mas nada mudará
Pois que então não mais serei...
Zhu

Teu existir cria o fio que tece
Todas as teias de minha vida...
Zhu

Morro..
E não te esqueço!
Vivo e permaneço
Presa ao teu existir!
Zhu

E Se o tempo pudesse parar,
Eu iria te encontrar
Dentro do meu coração...
Zhu



Tudo possui cor
mas nada brilha sem a luz do amor!
Zhu

Mania

Não é que goste de poesia
Gosto mesmo é das palavras
Largadas, jogadas, lançadas
No espaço de comunhão
Mas as danadas têm lá um
Maldito e péssimo hábito
De sempre se engalfinhar,
Feito casais de namorados,
Aprisionados pelo olhar,
E além do péssimo hábito
De sempre juntas andar,
Grudando-se umas nas outras,
Ainda insistem em rimar!
ZuleideZhu
(Das Coisas Muito...)

Cafuné

Afagar teus cabelos
É como afagar sonhos
Dentro de minha alma...
É como afagar o céu,
Mexer nas estrelas,
Tocar o infinito...

Afagar teus cabelos
É como afagar os sons,
Manipular as cores...
É como tocar o mar,
E sentir a sua bruma
Bailando entre meus dedos...

Afagar teus cabelos
É sentir o toque de um anjo
É viver a eternidade
É como tocar a seda
É ter a brisa no rosto e
Sentir correr a seiva na flor...

Afagar teus cabelos
É como ter nas mãos
A alegria e a esperança
De um futuro impossível,
E que magicamente se
Fez palpável entre minhas mãos...
ZuleideZhu
(Das Coisas Muito...)


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Retorno

Não voltes...
O tempo é passado
A esperança fez-se pedra
E revestiu a estrada
Por onde a solidão desfila
Senhora e soberana
Da minha alma

Não voltes...
A angústia da espera
Foi longa demais
O sonho de amar-te
Transformou-se em prisão,
Onde minha mente
Mantém-se enclausurada

Não voltes...
A ausência de teu corpo
Fez do desejo ardente
Indiferença e anteparo
O anseio desfez-se em cinzas
Levadas pelo vento
Do indistinto e do desinteresse


Não voltes...
Pois se voltares
Breve e certamente
De novo partirás
E não é dado a um coração
Morrer duas vezes numa
Mesma existência

ZuleideZhu
(Das coisas muito mais...)



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ecos

Todas as noites, no quase dia
Minha alma busca sustento para o coração
Nas tuas lágrimas banha-se minh'alma
Em cantos tristes e solidão
Todas as noites, no quase dia
Meu corpo sedento busca alimento
Junto aos sons de tua canção
Buscando melodias para compor
A sinfonia dos dias que virão...
ZuleideZhu


 

Cíclica

A noite chega mansa
E traz lembranças indeléveis de você.
A madrugada se insinua
E cresce ainda mais a sua ausência.
O raiar do dia é formado
Pelas diferentes matizes e nuances
Da falta que você faz em minha vida.
O dia vai nascendo lento e suave
E junto com ele nasce mais saudade,
De certo que ao meio dia,
O sol e a sua ausência
Ocupam igualmente o mesmo espaço,
Em meu ser e em meu existir.
E ao cair da tarde quando o sol se põe
Percebo que a luz que iluminou o dia,
E que se igualava em dimensão à sua saudade,
Diminuiu na mesma proporção em que aumentou
A necessidade de sua presença.
Cada novo anoitecer é mais denso,
Pois, dia após dia, sua ausência
Torna-se mais e mais espessa,
E dia virá em que a luz do alvorecer
Será totalmente encoberta
Pela escuridão de sua ausência...


(Zuleide Zhu - Vol. 59 - Antologia CBJE)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Teus Cabelos

Onde teus cabelos,
caídos nos olhos,
tornando-se ponte
para um outro sonhar?
Onde teus cabelos
caídos em cachos,
formando poemas
e um outro cantar?
Onde teus cabelos
criando espirais,
inspirando desejos
e vontade de amar?
Deixa que te afague
os cachos, e deles
componha as melodias,
para colorir teus dias...
Deixa que te acarinhe
as espirais, e delas
faça redemoinhos
a carregar teu sonhar...
Deixa que eu envolva
teus cabelos e
deles faça a estrada
para o muito te amar...
ZuleideZhu
(Das Coisas Muito...)


domingo, 18 de outubro de 2009

Saudades...

É o amor a mola mestre do mundo... Sob todas as suas formas e expressões, e hoje lendo um depoimento no orkut, sobre a morte de uma amiga, companheira minha e da autora do texto abaixo, não consegui deixar de me emocionar e resolvi deixar registrada esta declaração de amor... Existe o sentimento de amor, que nasce e sobrevive por si só, dentro de nós e independente de nossa vontade; mas se o sentimento puder ser compartilhado, dividido, vivenciado por aqueles que estão envolvidos por ele, então ele se tornará eterno, impregnará todas as células de nossos corpos físicos e espirituais, fará parte de nossa essência para sempre, também independente de nossa vontade, em quaisquer situações, espaço ou tempo em que vivermos, porque a vida é muiito mais do que enxergam nossos olhos...

"Hoje meu anjo da guarda ganhou asas... Mas sei que não voou pra longe... Apesar da distância de agora, um sentimento acalma... Acho que quando o amor é muito forte imprime uma marca na alma que nada apaga. Nem distância, nem nada.
E não é amor de quem diz "Eu te amo". Não é do dizer. É do acordar todos os dias, todos os dias durante 24 anos para fazer meu café da manhã, é de me cobrir todas as noites, de trazer remédio e uma colher de açúcar todas as vezes de febre, dor de garganta, resfriado, cólica... De correr para esquentar o jantar antes mesmo de eu entrar em casa. De ligar pra saber se vou demorar. De ligar no meio da semana para falar que está com saudade. De cuidar de mim e dos meus gatos. De nunca ter me chamado de bagunceira apesar de toda a bagunça (e não é pouca). De levar à escola quando eu não podia ir sozinha. Ir às reuniões. Levar no dentista para trocar o braquete quebrado. De me confiar os cuidados de suas unhas, cabelos, sobrancelhas. De gostar da minha companhia sexta à noite comendo pizza. De dormir de conchinha enquanto cabia. De me lembrar de levar uma blusinha e um guarda chuva. E um lanche. E a chave. De dividir o mesmo quarto por 17 anos. O mesmo banheiro por 24. A mesma vida pela vida toda. A única vida que conheci você sempre esteve nela. Sempre de perto, muito perto. É amor de muitas, muitas, muitas e muitas demonstrações que não cabem aqui, de doação de alma. Amor eterno. Tem uma marca impressa para sempre. Na minha personalidade, caráter e felicidade. Te agradeço muito por toda dedicação e amor que eu recebi. Amo você."
Texto escrito por Daniela Espinossi Agostinho para sua avó Ziolinda

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ser professor

Podes ensinar a escrita, o número e a palavra,
Podes mostrar como deslizar e sonhar pelos mapas,
E como transpor as barreiras do tempo através da história.
Ou podes ainda ensinar as passagens secretas

Para resolver uma expressão ou resgatar uma memória.
Podes equilibrar uma fórmula, classificar uma solução,
Mas equações não resolvem a incógnita da vida,
Palavra nenhuma descreve toda a miséria da humanidade,
E fórmula alguma contém a magia da felicidade.
Todos os saberes serão dignos e importantes
E todos podem ser igualmente fundamentais,
Mas nenhum deles terá verdadeiro e real valor
Se não contiverem em si a marca indelével do amor...


ZuleideZhu

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Experiências

Intransitável é o caminho não percorrido. Inesquecível é o que nem o tempo e nem a distância afastam do coração.
Impossível é o amor não compartilhado, não vivido, não repartido, não dividido.
Algumas situações são contingências da vida, para elas bastam os olhos, talvez um pouco da mente, simplesmente passamos por elas, em nada nos influenciam nem sequer acrescentam, fazem com que nos sintamos vivos enquanto estamos provando dessas cores, desses sabores, mas deixam sempre um estranho e amargo vazio.
Outras vivências são insubstituíveis e também intransferíveis, teremos que vivê-las, querendo ou não, estas serão indeléveis, nos marcarão para sempre, pois trazem sempre o sabor do quero mais e do eterno, satisfazem nosso corpo e também nossa alma.
Para vivenciá-las basta apenas fechar os olhos, despojar a mente dos preconceitos, do tradicional, da rotina, soltar-se, voar e deixar-se guiar pelo coração...

ZuleideZhu

Tempo

O tempo urge então não percas tempo com quem para ti não tem tempo, e não está tempo algum disponível, para passar algum tempo contigo.



Por mais lindas que sejam as estrelas e por mais que as amemos, elas estão longe, são inacessíveis, não nos pertencem, não nos enxergam e nem sabem nada de nós. Então é preciso ter coragem e vontade para abaixar o olhar, soprar ventos fortes com o coração para dispersar as névoas da ilusão e enxergar as luzes que iluminam nosso chão, para que elas possam nos auxiliar clareando nossa estrada e alegrando nossa vida.
É preciso estar com quem quer e precisa de nossa companhia.
É preciso amar quem nos ama e deseja o nosso amor.
Não podemos alimentar quem não tem fome, nem dar livros para aquele que não sabe ou não quer ler.
Entender isso é aprender as necessidades do outro e de nós mesmos, é conhecer e aceitar o outro, é aprender a amar...

ZuleideZhu

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Constatação

O brilho da lua no céu
Faz meu peito pulsar
E minha mente, incoerente,
Sozinha põe-se a sonhar,
Quanto podia ter te amado
Sob a argêntea luz do luar

E se, por acaso, o frio do chão
Em teu corpo penetrasse
O calor de meu corpo evitaria
Que teu coração congelasse
E teus doces olhos permitiriam
Que mais e mais eu te amasse

De um amor forte e capaz
De liberdade e escravidão,
Doce, selvagem, ardente,
Sem rotina ou obrigação,
Que te fizesse livre n’alma
E prisioneiro de meu coração


Meu amor não te cobraria
Constante presença ou prisão,
Nem faria da indiferença
Motivo de triste aflição,
Apenas sobre ti derramaria
Enxurradas de terna paixão...


E meu amor, de teu corpo faria
Brinquedo de alegre criança,
Descobriria todos os porões,
Recantos cheios de esperança,
Amar-te-ia em todos os cantos,
Deixando meigas lembranças

E quando uma nuvem no céu
Escondeu a fria luz do luar,
Minha mente pode enfim
Tristemente constatar,
Que de nada vale este amor,
Pois é outro o teu sonhar...
ZuleideZhu
(Das Coisas Muito...)

Espera

Hoje você não veio
Trazer poesia
A noite está vazia
A lua chamava,
Chorava seu nome,
E eu também...
A lua se foi,
Você não veio,
Poesia murchou
Como murcham
Todas as flores
Deixando no ar
Cheiro de saudades...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Um cão e eu


Andavas e na dança de teus quadris os ossos provocavam um triste e estranho balanço... Lembravam a mãe balançando o berço do filho ausente... Teu porte era belo, mas o corpo esquelético perdia a vivacidade que deverias ter pela tua idade. Assemelhavas-te a um velho solto na tristeza dos momentos não vividos. Tua fome era transparente e fazia de teus olhos, faróis da miséria do mundo naquela calçada em que, esperançoso, procuravas com teu focinho, no chão seco e estéril, alguma coisa para saciar tua fome...
Com a inocência e a pureza de uma criança teu olhar pousou sobre mim e fui invadida por uma estranha e forte sensação de amor, a alegria com que me fitavas transcendia teu corpo e exalava felicidade ao teu redor, e fiquei marcada pela doçura e cumplicidade deste teu olhar...
Percebi tua fome e pensei em comprar-te um pastel, mas algo impediu-me deste ato.
Só depois, do muito pensar sobre ti e sobre tua figura, é que percebi que na verdade, o que me impediu de dar alguma coisa para alimentar teu corpo foi estar tão faminto quanto tu estavas...
Tinhas fome no corpo e eu tinha fome na alma...
Tinhas fome de pão e eu tinha fome de amor...
Mas cada um de nós, dentro da nossa realidade, estava igualmente carente, faminto e miserável. Neste instante pensei afinal, qual de nós dois era enfim, mais humano... Eu, que fui incapaz de dar-te o alimento para o corpo, ou tu que alimentastes minha alma apenas com um olhar...

sábado, 3 de outubro de 2009

Cavaleiro

Cavaleiro eterno, errante, amante...
Não imaginas a importância
Que tens em minha vida...


És meu príncipe louco e encantado,
De outras eras, outros ares, outros tempos,
Trazendo-me sonhos, em seu cavalo alado,

Rompendo muralhas, mares e ventos...


Mas és também meu doce herói armado,
De escudos, de lanças, moinhos e espada,
Libertando meu coração atormentado,
Livrando minh’alma em si mesma acorrentada...


E és também menino, criança doce e inocente,
Brincando com as mãos, maroto sorriso,
Buscando com o olhar o carinho e o indecente
Despertando em meu ser o prazer e o riso...


E é mais, és meu guru, meu mestre, meu guia,
Quando com tuas falas, convictas e certeiras,
Desarma-me com falas, versos e poesia, e
Quais flechas mortais, abalam minhas certezas...


És homem que no êxtase me traz a eternidade,
E transforma meu corpo em luz, em flor, em pó,
E no som do amor, me conduz à realidade,
Prendendo-me ao teu ser, num firme e eterno nó...


És tudo, és nada, és procura e saudade,
És tristeza, és inspiração, és porto e cais,
És encontro, és separação, és mentira e verdade,
És sombra, és luz...És muito e muito mais...

O impossível só o é, enquanto não acontece,
E não digas que amor assim não existe,
Não desacredites do que tua mente não conhece,
Nem sequer duvides do que ainda não viste...

Não descreias daquilo que teu coração não viveu,
Não desdenhes do que tua alma ainda não se recorda,
Não desconfies tampouco do que o poeta sentiu,
Nem penses que se vive, apenas quando se acorda...


O desconhecido é inominado e poucos o conheceram,
E a este sentimento lindamente chamaram amor...


ZuleideZhu
(Das Coisas Muito...)


Bastarda

Minha poesia é tua filha...
Bastarda, é verdade...
Filha da dor, da agonia,
Da tristeza e da alegria...
Talvez te ponhas a pensar...
Atrevida, que vem assim,
Sem autorização se apresentar...
Mas calma, ela nada pede,
Nem o teu amor, sequer o teu olhar...
Talvez permaneça obscura e
No ostracismo, e nem irá te incomodar...
Mas quem sabe, no futuro,
Qual filha pródiga, ainda irá te orgulhar...
Porém de qualquer forma,
E seja o destino que for,
Ela é tua filha,
E acima e antes de tudo,
Filha legítima do amor...


ZuleideZhu
(Das Coisas Muito...)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cristalização

Dia desses
Amor assim há de se
Cristalizar no peito...


Tornar-se-á pedra talvez!
Tamanha intensidade
Tanta paixão
Tão grande força
Energia em expansão
Para pouco espaço
Dentro de um coração...


Dia desses
Tanto amor há de
Cristalizar-se no peito...


Tanta tristeza
Enorme saudade
Tua ausência infinita
Tal a infelicidade
Desejos de teus beijos
Vontade em suspensão...
Tornar-se-á porventura carvão?
Ah!... Certamente que não...


Dia desses
Tanto amor há de
Cristalizar-se no peito...


Ah! E o brilho de teus olhos,
E a luz de tua alma,
Mostram que num mágico
E maravilhoso instante,
Transformar-se-á todo este
Amor em lindo e raro diamante...


ZuleideZhu
(Das Coisas Muito....)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A pedra e Drummond

E eis que, inesperadamente, ele pôs
Uma pedra no caminho da poesia
E ninguém mais andou direito
Diante de tão inusitado ato
Na estrada do poetar,
Dali para frente, querendo ou não,
Uns seguiram com uma pedra no sapato
Revoltados, outros, ao ver a pedra retornavam
Alguns, perdidos, em torno dela giravam
Houve decerto uns poucos,
Que, ofendidos, pedras e pedras atiraram
Mas impossível negar-lhe o dom transformador
E a pedra criou vida, cresceu, cresceu e brilhou
Na verdade transformou-se montanha
Pela grandeza de seu criador
Zuleide Zhu
(Poemas Dedicados - CBJE Outubro/2009)

Missiva

Queria mesmo escrever-te
Só ao final de minha vida,
Mas não posso... Não sei quando morro
Se hoje... Se amanhã...
Pois o tempo é mudo, a morte é calada,
E a vida, uma cúmplice fiel,
Imita-lhes, lealmente, o ato
Então escrevo já, escrevo agora
Pode não haver futuro
E já não há o outrora...
Somente a incerteza vaga errante,
Em disparada, louca e cega,
Carregando-me pela vida afora
Então é fundamental que saibas
Que não existiu sequer um riso
No qual não estivesse contido
O doce brilho do teu olhar
E nem existiu olhar algum, que igualmente
Não refletisse a alegria de teu sorriso
Não houve nenhuma lágrima caída
Que junto também não chorasse
A tristeza pela tua ausência
Melhor então registrar agora,
O que minha alma nunca irá esquecer
E que independe do tempo,
Entre a minha morte e o meu viver
Aquilo que em nada irá se alterar
E que se resume simplesmente,
Em sempre e sempre te amar.


ZuleideZhu
(Antologia CBJE - Vol. 58)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Reflexos

“Os olhos são o espelho da alma”
E se visse além do espelho?
E se visse além do que o espelho mostrava?
E se visse além do que o não refletido mostrava?
Às vezes enxergava o amor no olhar do outro
Poderia jurar que via, contudo a imagem não era real
Era simplesmente o reflexo de seu próprio olhar

“Os olhos são o espelho da alma”
Novamente fazia do olhar do outro seu espelho
E enxergava o amor no brilho de outro olhar
Descobriu que era míope para ver o mundo e o amor
Nos olhos do outro só enxergava apenas distorções

Imagens virtuais do outro ou de seu próprio olhar


“Os olhos são o espelho da alma”
Decidiu não olhar e sequer confiar em espelhos
Espelhos são apenas instrumentos imperfeitos
Que refletem apenas o que se quer e o que se pode ver
Nunca refletirão o que não existe, o que não se quer ver
Ou aquilo que não deve ou não pode ser visto
Quebrou todos...
Um a Um...
Ficou cega...


(ZuleideZhu)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Necessidade


Não precisam ter rimas
Os versos para o meu amor
Nem precisam ser épicos,
Elegias ou hinos de louvor
Não é preciso que falem
De sonhos, alegrias ou dor...

Não é necessário ter classe,
Ou gênero classificado
Não importam as estrofes,
Tampouco o estilo literário,
Nem é necessário que se use
Amplo e culto vocabulário...

Basta apenas que demonstrem
O quanto lhe tenho saudade,
Basta que através de palavras
Ele entenda que toda verdade
Resume-se em querê-lo e amá-lo,
Agora e por toda a eternidade...


Zuleide Zhu
(Das Coisas Muito...)

Querer

Queria...
Queria-te perto de mim,
Tocar teus lábios com calma,
Sentir tua pele, teus cheiros,
Ter teu calor aquecendo e envolvendo
Meu corpo e toda a minha alma...

Queria...
Queria-te agora perto de mim,
E beber toda a tua melodia,
Sorver teu néctar, tuas cores,
Ter tua carne alimentando e nutrindo
Meu ser e todas minhas poesias...

E queria mais...
Queria ser tua musa,
Tua alegria e tua inspiração,
Ser teu universo, tuas rotas
E queria teu ritmo embalando
O meu ritmo e o meu coração...

E queria ainda...
Queria ser tua saudade,
Teu desejo contido, tua insensatez,
Ser sôfrega e voraz presença,
E que aspirasses pelo meu encontro
Ávido, com ânsia e prazer...

E finalmente queria...
Queria de volta minha liberdade,
Minha sanidade e a minha razão,
Que perdi no túnel de um tempo,
Quando sem perceber permiti
Que nascesse em mim tanta paixão!
Zuleide Zhu
(Das Coisas Muito..)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Composição

E tudo que escrevo, escrevo para ti...
E tudo que escrevo vem de ti...
E tudo que escrevo é por ti...


E para que escrevo?

Se nem tomas sequer conhecimento
De minhas palavras, se não lês o que
Por ti e para ti, escrevo em poesia...


Se ignoras total e completamente
Todo o conteúdo das poucas linhas
Que nascem e crescem, e que a ti dedico...


Se nem te importas ou te emocionas
Com o que me vai ou vem da alma?
Se não lês, não respondes, não te interessas?


E por que escrevo?


Para que este sentimento
Não me envenene o corpo,
Nem me destrua a alma!


Para que este desejo contido,
Não corrompa minha mente,
Nem enlouqueça minha razão!


Para que este imenso amor,
Não me carregue para a morte,
E me direcione para a vida!


Por isso escrevo...

Zuleide Zhu
(Das Coisas Muito....)

Esquecimento

Se pensas que te esqueci,
Esquece...


Esquece, pois esquecer de ti
É esquecer de mim mesma,
É perder-se dentro de mim,
Dentro de minha mente e de meu saber...


Esquecer de ti, é esquecer
Minha alma, meu ter, meu viver
É perder-se nas memórias vivas e mortas
De meu ser eterno e imortal...


Esquecer de ti é esquecer os
Tempos idos, vindos e vividos
Que fazem parte de minha memória
De meu percurso, de minha história...


Esquecer de ti, é esquecer
O mistério do amor, o segredo da eternidade,
O milagre da vida, a mágica do tempo,
O tempo do sonho e da realidade...


Se pensas que te esqueci,
Esquece...

Zuleide Zhu
(Das Coisas Muito...)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Contramão

O impossível fez morada
Em meu coração
O indelével trouxe você
Pra dentro de minha mente
O inesquecível forjou sua
Imagem em minha alma
E ausente disso tudo
Você caminha solto
Na roda do mundo,
Na rota da vida,
Na contramão do tempo
E da minha estrada...


Zuleide Zhu
(Das Coisas Muito....)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Chaveiro

A bússola de minha vida
Perdeu-se...
Onde está o norte
Que me deste tão suavemente?
Onde está o rumo
Que mostraste tão serenamente?
Onde a direção
Que pensei ter encontrado
Nas rotas de teu olhar?

A bússola de minha vida
Perdeu-se...
Onde está a luz
Que teu farol iluminou?
Onde encontrar o caminho
Que tua presença traçou?
Onde encontrar o destino,
Que julguei ter descoberto
Nas linhas de tua mão?

A bússola de minha vida
Perdeu-se...
Onde está o sonho,
Que teus gestos trouxeram?
Onde está a promessa
Que tuas palavras disseram?
Onde está o amor
Com o qual envolveste,
A chave de minha vida?
Zuleide Zhu
(Das Coisas Muito Mais...)


Hoje

A noite é saudade...
A lua cheia no céu
Minguava, prateava,
E como amiga partidária,
A sua luz não mostrava...
Pois ela mais que ninguém,
Conhece, e muito bem,
O quanto te espero sozinha...


A noite é saudade...
Quem beijava a boca
Que era minha?
Quem recebia o abraço
Que meu corpo esperava?
Quem ouvia o sussurro
Que tua voz recitava?
Quem acolhia o amor
Que minha alma ansiava?


Enganei-me também com a lua,
Pois quanto mais eu indagava,
Mais a lua se esquivava,
Soberba e pálida me ofertava
O brilho que só ela tem,
Mostrando que não diria
A mim e a mais ninguém,
Nos braços de quem tu estavas...
ZuleideZhu
(Das Coisas Muito...)


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Solidão

E ouço tua voz
No burburinho de outras vozes,
E no sol dos meus dias,
Nas luas de minhas noites,
Te escondes entre as nuvens
Da minha saudade


ZuleideZhu
(Das Coisas Muito....)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Oferenda

Poeta... Poeta...
De muitos sonhos e alma inquieta
De poucas falas, de boca quieta
Pois que poetas só falam
Com a alma e o coração
Poeta... Poeta...
Abre teus braços e toma este corpo,
A lua cheia o trouxe a ti
Assim exposto em verdade nua
E, como poeta bem sabes
Que nunca convém recusar,
A um desejo e vontade da lua
Faz deste corpo campo fecundo e
Colorido com as flores do teu gozo
E nele viva batalhas e vitórias
Para o castelo de teus prazeres
Não te preocupes, nada te prende
Ama, deita, rola e descansa
Faz dele soldado fiel e servil como cão
Ou o tenhas por gata doce e mansa
E nem te convém preocupares
Com este corpo e seu coração
Pois em nada o machucarás
Que neste corpo decerto que há vida,
Ele pulsa, vive, sente e dança
Mas a alma nele já não habita,
Foi-se há tempos levada
E junto a um coração atrelada,
Ao passar de um cavaleiro errante,
Presa para sempre, na ponta de sua lança...
ZuleideZhu
(Antologia CBJE)


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Inconstância

Ando assim desconfiada
Que poesia e criatividade
São cíclicas e periódicas,
Como tudo que há na vida.
Vez em quando, feito mina,
Jorra verso, canto e poesia,
Passa tempo, e as danadas,
Não querem saber de nada,
Nem sequer me dão Bom Dia!
ZuleideZhu
(Das coisas muito...)

sábado, 29 de agosto de 2009

Certeza

Um dia não mais verei
Estes teus doces olhos
Ou porque te ausentarás
Do meu caminho
Ou porque parte da vida
Se ausentará de nós
Mas teu olhar...
Ah! Teu olhar...
Este nunca se ausentará
De minha alma
E no amanhecer do tempo
Te reconhecerei
Em quaisquer olhos
Em que o teu olhar habite...


Zuleide Zhu
(Das coisas muito mais que poucas)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sentido único

Saudade é assim como uma longa, escura e íngreme avenida,
De mão única, sem retorno e sem saída,
Da qual não se sabe ao certo o início
E muito menos onde termina,
E onde se caminha
Sem ninguém...
Sem sombra...
Sem luz...
Só...


Zuleide Zhu
(Das coisas muito mais que poucas)

sábado, 22 de agosto de 2009

Andanças

Por onde anda nosso coração,
Perdido nas curvas de um amor passado
Batendo sôfrego e descompassado...
Por onde anda nosso coração
Que do passado não se fez liberto
E busca ao longe o que sabemos perto...
Por onde anda nosso coração
Que da saudade fez modo de vida
E do retorno a única saída...
Enfim...
Por onde anda nosso coração?


Zuleide Zhu

Vontade

Queria que fosse cedo,
Cedo ainda...
Que o sonho fosse surgindo
Dourado e quente, como o sol
Queria que fosse cedo,
Amanhecendo... Luz do dia...
E que você me amasse
Como ama a poesia.
Queria que fosse cedo e
Que o tempo desse tempo
Para o coração explodir
Em raios de felicidade.
Queria que nem fosse tarde,
Nem fosse tarde demais,
E que a tristeza e a saudade
Que a tudo andam inundando
Jorrassem a sua presença,
E do livro da vida arrancassem
As páginas do nunca mais...
Zuleide Zhu
(Das coisas muitos mais que poucas)

Anjo

E no anoitecer do meu dia,
Garoa fina, esperança pouca,
Eis que um anjo...
Um anjo cruza meu caminho,
Disperso e pensativo,
Como convém a todo anjo
Nada faz, nem precisa...
Apenas sua presença,
O brilho de seus olhos,
E a luz de seus cabelos,
Iluminam minha noite...
Zuleide Zhu
(Das coisas muito mais que poucas)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Cíclica

Amo-te assim,
Solta no vento
E no espaço,
Solta no tempo,
E sem compasso
Circulo nas vidas
Em que te encontro,
Perdida em torno
De teu doce e meigo coração...
Qual planeta sedento de fogo e paixão,
Girando cegamente ao teu redor,
Assim como a Terra em torno do Sol

Zuleide Zhu Valente
(De Reflexões para Bem Viver)

Decisão

Sonhar de amor por ti
E acordar...
Se preciso for!
Viver de amor por ti
E morrer...
Se a vida assim dispor!
Renascer por amor a ti
Tantas vezes
Quantas preciso for!

Zuleide Zhu Valente
(De Reflexões para Bem Viver)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Se existe uma só possiblidade de amar, ama!
Ama sem medo, pois é o medo,
O grande vilão de nossas emoções,
É o medo que transmuta sonhos em desilusões...
Se existe uma só possibilidade de amar, ama!
Ama sem culpa, pois a culpa nos transforma
Em espectro daquilo que não somos
É a culpa que faz da chance de felicidade,
Uma prisão de tristeza, lamento e saudade...
Se existe uma só possibilidade de amar, ama!
Sem preconceito, sem julgamento e insegurança,
Pois o amor é magia, é alegria, é esperança,
É confiança que afugenta o medo,
É prazer que escraviza a culpa,
É sentimento que anula as emoções, então ama...
Pois embora o tempo e a alma sejam eternos,
Não são eternos um instante, um momento,
Nem é eterno o encanto de um encontro
Pois a vida é frágil, dúbia e fugaz,
E o que hoje é palpável e tangível,
Talvez torne-se amanhã, apenas um sonho impossível...
Zuleide Zhu
Valorizamos aquilo que amamos...
É o nosso olhar que transforma coisas
comuns em coisas grandes e belas...
É a nossa emoção e nosso sentimento
que faz o vulgar converter-se em nobre...
Como a mãe que fita, embevecida,
o comum e o habitual em seu filho,
Ou o namorado que saboreia como néctar
um papento prato de arroz,
apenas porque foi preparado
pelas mãos de sua amada...
Ou ainda o orgulho do amigo por um feito
comum e trivial de seu companheiro...
É o nosso coração que torna
grandioso o que é pequeno,
que transmuta o comum em herói,
o medíocre em especial e expressivo,
e que enxerga o divino no mundano...
E onde está então a grandiosidade?
Por mais exuberantes que sejam as cores,
o cego não as verá,
Por mais harmonioso que seja o som,
o surdo não o ouvirá,
E por mais bela que seja a poesia
o insensível não se emocionará,
Grande não é apenas o objeto amado,
grande é nossa capacidade de amar...
Talvez isto seja o mais importante,
ser grande para um amigo, para um alguém
mesmo sabendo-se pequeno,
mesmo sabendo-se ninguém...
Zuleide Zhu
Melhor ainda do que sentir é poder dizer sem medo tudo que vai no coração...
Zuleide Zhu

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Escolha

Nos fechamos...
E o Amor nos desabrocha
Nos perdemos e fugimos...
E o Amor, insistente, nos encontra
Esquecemos de nós mesmos...
Mas o Amor, sempre lembra de nós
Um dia, além de nossa vontade,
O Amor em plenitude e realidade,
Nos torna crianças novamente
Soltas ao vento de sua verdade...
Seu calor queima nossos corpos
Sua luz ilumina nossa alma
Sua energia nos transforma e somos
Alimentados pela sua vitalidade...
Negar-lhe o existir é continuar
Errante e imperfeito, tal qual fera...
Permita-lhe o Ser e o Viver, e só assim
Ultrapassaremos o limite humano
E penetraremos em divinal esfera...
Zuleide Zhu

Tela Em Branco

A vida é como uma tela em branco
Que vamos preenchendo lentamente,
À medida que vamos vivendo...
Como pano de fundo, temos as pessoas
E os momentos que não foram importantes
Nem fundamentais, mas que de uma forma
Ou de outra, fizeram parte de nossa existência
Momentos que vivenciamos apenas com a razão,
Apenas com o corpo, ou levemente com o coração,
Que foram vividos e sentidos suavemente,
De maneira supérflua e sem marcas profundas...
Mas os momentos e as pessoas que tocaram
Simultaneamente, nosso corpo, nossa alma e
Nosso coração, que podem ter ser prolongado
Por muito tempo, ou ainda simplesmente
Ter acontecido num único e especial instante...
Estes não serão esquecidos nunca,
Farão parte de nossa essência e de nosso ser
Para sempre e por toda eternidade
Farão parte do tema principal da tela de nossa vida
E comporão a obra prima do nosso existir
O tempo e a distância nada podem contra eles...
Zuleide Zhu
"Por mais lindas que sejam as estrelas e por mais que as amemos, elas estão longe, são inacessíveis, não nos pertencem, não nos enxergam e nem sabem nada do nós. Então é preciso ter coragem e vontade para abaixar o olhar, soprar ventos fortes com o coração para enxergar as luzes que iluminam nosso chão, para que elas possam nos auxiliar a clarear nossa estrada e alegrar nossa vida.É preciso estar com quer e precisa de nossa companhia.É preciso amar quem nos ama e deseja o nosso amor.Não podemos alimentar quem não tem fome, nem dar livros para aquele que não sabe ler.Entender isso é aprender a amar, é aprender as necessidades do outro e de nós mesmos..."
Zuleide Zhu

A verdadeira revolução é a do Amor... Para esta, raros são os guerreiros, e mais raros ainda, os líderes...
18/08/2009