segunda-feira, 17 de maio de 2010

São Paulo ainda é poesia...


São Paulo ainda é poesia...

A Virada Cultural em São Paulo não foi só de lazer, arte e cultura... Foi também virada de copos, de latas e latas de cerveja, de garrafas de vinho e de vodca arrebentadas e espalhadas pelas calçadas, fazendo com que a cidade recebesse em seu solo na madrugada de domingo, não só os costumeiros habitantes que fazem do chão da cidade seu colchão diário, mas também aqueles que pela primeira vez deitaram em suas calçadas, tombados pelo cansaço, pelo álcool e pelos excessos. Nos arredores da Avenida São João, o traje negro vestido pela maioria dos que por ali adormeceram, fazia com que as pessoas amontoadas umas sobre as outras, se assemelhassem a sacos de lixo empilhados pelas laterais das paredes e nos cantos das ruas. A cidade acolheu a todos, que indiferentes à sujeira, aos restos de comida, de vômitos e de urina, dormiram. O frio da madrugada não impediu-lhes o sono justo. Ânimos exaltados, discussões e empurrões espalhados por todos os cantos da cidade também fizeram parte da Virada, mas apesar disto tudo venceu a alegria espelhada nos rostos das pessoas cantando e dançando por toda a cidade; o calor da música aqueceu os corpos que se desvencilhavam das blusas e camisetas ignorando o frio da noite; venceu a pluralidade dos cantos e dos sons que encantaram os seres de todos os gostos e de todas as raças; venceu a diversidade das pessoas, das tendências e das liberdades; venceu a criatividade da acrobata rubra suspensa na noite de São Paulo espalhando “estrelas” brilhantes por sobre a cabeça e o sonho das pessoas; venceu a nostalgia chocalhando nos vagões do Trem das Onze, cantando Adoniran... A Virada não foi apenas o Trem das Onze, foi o Trem da noite inteira, o Trem da memória e das histórias, o Trem da poesia...

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