sexta-feira, 11 de junho de 2010

Causalidade


Causalidade

Agora neste exato instante,
Em que lês estas palavras
Um corpo voa e se esfacela
Tingindo de rubro vivo
O concreto cinza que o recebe
Um louco pede, pede e pede
Nascem milhares de seres
Por sob e por sobre o mundo
Morre, na alma e no coração, 
O desejo de um corpo vagabundo
Alguém, embora livre, que fugir
Uma flor, indecente, se insinua ao sol
Quer ser fruto, quer parir
Uma planta morre de sede
Um animal morre de fome
Se esvai o sêmen de um homem
Agoniza uma doce esperança
Uma mulher geme em gozo
Se contorce e explode em êxtase
Morre, abandonada, uma criança
E nada, absolutamente nada,
Faz diferença alguma para o mundo, 
Tampouco para a inflexível vida
Que segue impassível e inexplicável
Com passo firme rumo ao não sei onde
Lançando ao solo nosso sonho moribundo

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